Playing with myself, de Cláudia Clemente

postInauguração 12 Setembro, 16h / Até 9 Outubro

“Só vivendo absurdamente se poderá chegar a romper alguma vez este absurdo infinito.” (in Rayuela, Júlio Cortázar)

Entendo o humor como o derradeiro bastião de resistência possível, e a sátira como uma forma de sobreviver a um mundo cada vez mais absurdo, hostil e ininteligível.

Esta série, iniciada em 2010, consiste num conjunto de encenações aparentemente simples recorrendo a uma multiplicidade de personagens: desde clássicos do Cinema (“Os livros” a citar “Os pássaros” de  Hitchcock, a “Supermom” a aplicar os seus super-poderes às exigências do quotidiano, o “007” de arma e dry martini em punho) até ilustres figuras históricas nacionais (“São rosas, Senhor!”), revisitando ícones da cultura tradicional portuguesa (a varina, o galo de Barcelos) e passando por muitos outros paradigmas ou elementos do imaginário colectivo – a fénix, a sereia, a dona de casa perfeita – nos quais me revejo ou reinvento.

Contrariando essa aparente simplicidade nas encenações existe uma deliberada artificialidade nas poses e na iluminação, que nos recorda que nada há de natural nestes seres-sombra, nestas criaturas-reflexos.

Com o absurdo retratado nestes personagens pretende-se criar uma tensão, causar um certo mal-estar, produzir aquele riso nervoso que arrasta o observador e o retira da sua zona de conforto.

Mergulhemos pois no território sinuoso da introspecção, dos sonhos, da escuridão – o perigoso mundo do interior de nós mesmos.

BIO

Claudia Clemente nasceu no Porto em 1970.

Licenciada em arquitectura, estudou cinema em Barcelona e Lisboa. Estreou-se na ficção com “O caderno negro”, editado em 2003. Desde então, publicou outro livro de contos em 2010 –  “A fábrica da noite”, uma peça de teatro – “Londres”, (Grande Prémio de Teatro S.P.A./Teatro Aberto 2011) e o seu primeiro romance, “A casa azul”, em 2014.

É autora de diversas curtas-metragens e documentários – entre os quais “&etc.”, sobre a editora do mesmo nome (Prémio Tóbis, DOCLISBOA, Prémio Caixa Geral Depósitos, IMAGO.)

Começou a expor o seu trabalho fotográfico em 2014.

Actualmente vive e trabalha em Lisboa.

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