2022 – abr / mai /jun

Ficcionar o Real: O Quotidiano Mágico

Ficcionar o real – o quotidiano mágico
Exposição Finalistas LAV

Inauguração 22 de Junho 18h | até 30 de Julho

 

 

Espero que vivas em tempos interessantes é uma expressão popular derivada de uma maldição tradicional chinesa. Embora pareça uma benção, a expressão traz consigo um quê de ironia. Na realidade, a vida é melhor em tempos “desinteressantes”, de paz e tranquilidade do que em tempos “interessantes”, que geralmente são tempos de incerteza, para não dizer de angústia.

Que tempos são estes que vivemos? São tempos em que o real pode ser ficcionado e o quotidiano se tornar um lugar mágico.

Esta magia é aparentada da magia do “realismo mágico, um modo narrativo usado principalmente na literatura sul-americana que permite à escritora desestabilizar suposições, definições que sustentam uma suposta realidade, pondo a nú contradições e construções socioculturais. No realismo mágico, “magia” refere-se ao mistério da vida, mas também a qualquer ocorrência e particularmente a qualquer coisa espiritual ou inexplicável pela ciência racional. A variedade de ocorrências mágicas inclui fantasmas, desaparecimentos, milagres, talentos extraordinários e atmosferas estranhas.

Trazendo a magia para o quotidiano, ficciona-se o real. Mas o que é a ficção?

Ranciére distingue ficção e falsidade. O lugar da ficção esteve sempre relacionado à poesia, à narrativa literária e ao seu “descompromisso” com a realidade. Em oposição à ficção estava a história, o lugar da verdade, dos fatos, “concebida como sucessão empírica dos acontecimentos”. “A poesia não tem contas a prestar quanto à ‘verdade’ daquilo que diz, porque, em seu princípio, não é feita de imagens ou enunciados, mas de ficções, isto é, de coordenação entre atos.” Rancière procura revogar a linha divisória entre duas “histórias – “a dos historiadores e a dos poetas”. Para isso, propõe que a ficcionalidade seja uma nova maneira de contar histórias, que é, antes de mais nada, “uma maneira de dar sentido ao universo ‘empírico’ das ações obscuras e dos objetos banais.” Qualquer situação ou pessoa pode ser um agente histórico, retirando dos grandes feitos e dos grandes personagens seu poder exclusivo de contar os fatos.

Nesta exposição, Albjon Lushi, Ana Leandro, André de Abreu, Diana Costa, Eleonor Cadete, Helena Figueiredo, Hugo Sousa, Inês Varandas, Joana de Carvalho, Liliana Martins de Miranda, MANIA, Mónica Lucas, Rita Peixoto, Sofia Morim, Tamy Harada e Vera Vieira, apresentam modos de olhar e viver os nossos tempos interessantes ficcionando o real e trazendo magia para o quotidiano.

Lançamento de Publicação

Forever and over again, de Carlos Lobo
18 de Junho
18h
Forever and over again (Para sempre e de novo) é o nome do novo projeto editorial de Carlos Lobo, um corpo de trabalho mais amplo, publicado pela Lebop com o título “I would run this way forever and over again”. O lirismo do título antecipa uma obra carregada de melancolia, na qual a juventude se revela como protagonista, seja como presença etérea, seja como saudade.

FUTURA PARAGEM

7 de Maio 18h

Bando À Parte apresenta

FUTURA PARAGEM

Sentindo os problemas de uma vida isolada no empreendimento, os seus habitantes fazem por manter viva a chama que um dia ali passe um autocarro que os leve até uma futura paragem.

Um filme Colectivo de e com os Residentes do Empreendimento de Mataduços

Autores do filme Abigail Ferreira, Aida Silva, Carla Silva, Fátima Teixeira, Filipe Silva, Francisco Ferreira, Márcia Cardoso, Sara Ferreira e Teresa Coelho

Participação Especial André Barros, Cidália Carvalho, Ilídia Teresa, Jenny Machado, Luís Ferreira, Tiago Porteiro, Sr. Mendes, Sabrina Ferreira

Estrela, Luna e Némesis

 

Um filme desenvolvido ao longo de doze oficinas realizadas durante os meses de fevereiro, março e abril de 2022 no Empreendimento de Mataduços, Fermentões, Guimarães.

 

Produção  Bando À Parte

Apoio à Concepção, Realização e Montagem Diogo Machado Ferreira

Apoio à Produção Francisco Novais

Apoio à Escrita do Argumento Vasco Monteiro

Apoio à Direcção de Actores Cidália Carvalho

Apoio à Direcção de Fotografia Bruno Carreira

Apoio à Direcção de Som Pedro Ribeiro

Apoio à Captação de Som Directo Nuno Duarte, Rolando Ferreira

Apoio ao Guarda-Roupa Susana Abreu

Apoio à Sonoplastia e Música Original Diogo Borges, João Churro

Apoio à Correcção de Cor Rodrigo Plácido

Apoio ao Design João Novais

Agradecimento Especial CAAA , Carlos André, Nuno Machado , Pedro Silva, Rita Mendes, Rodrigo Areias, Sr. Mendes, Tiago Porteiro

 

“Com este filme pretendemos concretizar o sonho antigo de ter uma paragem de autocarro no empreendimento de Mataduços”.

 

 

A Menos de 50km de Casa, De Pedro Bastos

Inauguração 07 de Maio às 17h | até 18 de Junho

A Menos de 50km de Casa é um projecto cinematográfico em processo de desdobramento em curso. Nesta primeira fase de apresentação, serão expostos os primeiros 1973 metros de película 35mm filmados no mês de Dezembro de 2021, através do Vale do Ave, num raio de 50 quilómetros a partir da casa do autor.

Esta primeira exposição, marca o início deste projecto que irá desenvolver-se ao longo do tempo e não tem previsto o seu fim. É um processo de acumulação de imagens em movimento que se centra na região, à margem de uma narrativa linear.

Estes primeiros 71 minutos aproximadamente de filme a cores, foram transferidos para video digital, suporte em que serão exibidos nesta primeira fase, estando previsto futuramente uma projecção em cópia analógica de 35mm.

Optou-se então por uma instalação de video de 5 canais, entre projecção e monitores. Não havendo uma narrativa linear, não havia portanto, uma lógica de montagem cinematográfica linear. Logo, esta mostra desdobra-se e expande-se pelo espaço expositivo. Este espaço é o próprio atelier do artista que ocupa parte de uma antiga fábrica de têxteis da região e que, por sua vez, se transforma em galeria efémera.

O método de trabalho adoptado para a realização desta instalação, é semelhante a uma repérage de uma produção cinematográfica. Ou seja, as filmagens foram realizadas à medida que se achavam os locais, através de uma deambulação aparentemente aleatória pelo vale. Toda a obra é um diário de uma experiência vivida. As dificuldades encontradas durante todo o processo coabitam com a sua idealização e materialização; fazem parte e não foram excluídas.

Tendo em conta o equipamento escolhido — Câmara Konvas (1967, URSS) de 35mm com magazines de 60 metros —, só seriam possíveis planos com a duração máxima de 2 minutos. Estipulou-se então para cada magazine (60m = 2’), 2 planos de 1’ cada. Sendo que a quantidade de filme era de 1973 metros, daria portanto para 33 magazines, o que permitiria a totalidade máxima de 66 planos de 1 minuto cada. Contudo, o resultado final é sensivelmente diferente, pois à medida que se foi filmando, optou-se em certos casos, por planos de 2 minutos.

A heterogeneidade das imagens é resultante das características idiossincráticas da região do Vale do Ave, onde numa aparente desorganização, dialogam zonas rurais com zonas fabris, intercaladas com centros urbanos e espaços da natureza. A paisagem é uma acumulação diversificada de montes com igrejas e capelas para culto religioso, viadutos que cruzam eucaliptais e rios que vão desenhando e delimitando os lugares.

O que se fez é, em certa medida, uma emulação provocada pelo Vale do Ave — a sua planificação geográfica fragmentada levou a uma acção despistada ou desorientada pelo território, resultando num filme-mosaico.

A continuação deste projecto compreenderá a publicação do diário de rodagem e de textos escritos posteriormente, onde refletir-se-á sobre o processo de criação em simultâneo com as narrativas e ficções encontradas neste preâmbulo cinematográfico.

 

Esta exposição foi produzida e financiada pelo CAAA, com o apoio de:

 

feira Paisagem

A 4ª edição da feira PAISAGEM acontecerá em Guimarães – Portugal, no dia 4 de junho de 2022, das 14h às 21h, no CAAA Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura e está com inscrições abertas para expositores que queiram fazer parte do evento.

PAISAGEM é uma feira de exposição, trocas e vendas de produções gráficas e edições independentes que propõe difundir a cultura da arte gráfica da região do Ave e terá em sua programação oficinas e rodas de conversa sobre o universo gráfico e o ambiente urbano. O evento conta com apoio da Câmara Municipal de Guimarães.

Acreditamos que a característica independente da feira torna a arte acessível de um modo informal, verdadeiro e direto. Fomenta um espaço onde não é só a troca material que circula, é também o olhar, o sorriso, a surpresa e o afeto entre o produtor e o público, transformando o objeto num significado destes sentimentos.

O evento pretende criar um espaço para cultivar valores mais sustentáveis e energias mais positivas, gerando poucos impactos.

COMO PARTICIPAR DA PAISAGEM

Serão abertas inscrições para artistas, coletivos, estúdios de impressão gráfica e editoras que estejam a atuar em Portugal ou em países de língua portuguesa, objetivando a participação mínima de 40% dos inscritos residentes na região de Guimarães. Serão selecionados até 20 inscritos que atendam as características de uma produção gráfica independente, a serem julgados pela equipe do projeto.

A inscrição pode ser feita até o dia 10 de Maio de 2022, através do preenchimento do formulário disponível em sua página do Instagram www.instagram.com/bancapaisagem.

A lista dos expositores selecionados será divulgada até 10 dias após o encerramento das inscrições.

 

CALENDÁRIO:

Recebimento de inscrições: 11 de Abril a 10 de Maio de 2022.

Divulgação dos resultados: até 10 dias após o encerramento das inscrições.

Realização da feira PAISAGEM: 4 de junho de 2022.

 

OFICINAS 

Oficina de Gravura: elaboração de matrizes em materiais não convencionais com Pedro Sim
Compromisso assumido entre o imaginar um campo composicional e a imprevisibilidade das tintas esmagadas sob pressão no suporte. Explorar processos híbridos de gravura não convencional: dos materiais produtores de matrizes e texturas (tetra pack, espuma-eva, esferovite, cartão canelado e outros materiais menos nobres), passando pelo processo enviesado de impressão das imagens (a matriz é colocada estrategicamente sobre o papel), produzindo peças únicas em camadas.

Serão explicados processos e técnicas. Os formandos terão oportunidade de desenvolver, do desenho ao corte, formas texturadas, figurativas ou abstratas, compondo obras dentro do contexto da gravura, através das matrizes criadas. Serão mostrados e disponibilizados vários tipos de matrizes de autor, que poderão ser combinadas com os originais criados por cada formando para elaborar uma ou mais composições finais (máximo de duas cores).

Público: Maiores de 15 anos

Nº de participantes: 12 (máx.)

Dia 4 de Junho

1ª sessão: 9h00 – 13h00

2ª sessão: 16h00 – 20h00

Duração: 4 horas

Preço: 15€

Os dados para o pagamento serão fornecidos após o encerramento das inscrições para o e-mail informado neste formulário.

 

Oficina de Serigrafia Baldiar com Max Fernandes

A oficina “Baldiar”, aberta ao público em geral, serve-se do processo serigráfico para criar imagens a partir de elementos como ervas, objetos encontrados, sombras, simbologias, desenhos, textos, fotografias, entre outros recursos, oferecidos pelos baldios.

Horário da oficina:

Dia 2 de junho (qui.) – 17:30 – 21:00

Dia 3 de junho (sex.) – 17:30 – 21:00

Dia 4 de junho (sáb.) – 10:00 – 18:00

Valor de inscrição: 20€ (15€ para estudante)

Máximo de inscrições: 10

Os dados para o pagamento serão fornecidos após o encerramento das inscrições para o e-mail informado neste formulário.

 

Oficina Infantil – Literatura de Cordel com Ana Araújo

A Oficina de Cordel para Crianças, busca aproximar o público da arte do Cordel, Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Além de buscar a formação de leitores, a vivência mescla o lúdico ao aprendizado, onde serão abordadas as técnicas e os textos característicos da modalidade.

A oficina parte das origens da Literatura de Cordel, passando pela rima, estrutura, ritmo e tipos de estrofes mais comuns, até a produção das gravuras utilizando materiais alternativos, que serão reproduzidas pelas crianças.

ATIVIDADE GRATUITA

Limitada a 15 crianças por sessão

Faixa etária: dos 5 aos 12 anos

Horário da oficina

4 de junho (sábado) em duas sessões:

das 14h30 às 16h30

das 17h30 às 19h30

Os dados para o pagamento serão fornecidos após o encerramento das inscrições para o e-mail informado neste formulário.

 

Roda de conversa/ Lançamento – Um Fado Atlântico – Manuela Bezerra de Melo: Gratuito, 19h

A Feira Paisagem, em Guimarães, recebe no próximo dia 04 de Junho, a apresentação/lançamento de Um Fado Atlântico, novo livro da brasileira radicada no Minho, Manuella Bezerra de Melo. A partir de uma personagem comum, uma empregada de mesa, o conto trata sobre questões espinhosas da imigração em Portugal.

No prefácio que escreveu para o volume de poesia da antologia Volta para tua terra, Manuella Bezerra de Melo afirma que “A imigração é um labirinto”. Esta é a primeira pista para uma possível leitura de Um fado Atlântico, que conta a história de uma mulher imigrante presa neste labirinto. Empregada de mesa precarizada, esta personagem sem nome deixa sua cidade do outro lado do oceano para viver num país que, logo percebe, é muito diferente daquilo que imaginava. O que encontra é o subemprego e o preconceito, e passa por uma dificultosa adaptação onde é preciso muito esforço emocional para reconstruir seu lugar no mundo.

Um Fado Atlântico é sobre a dimensão de gênero da imigração, principalmente para as mulheres brasileiras, mas também sobre a domesticação e a assimilação a que são submetidas as pessoas imigradas, evidenciando o sofrimento psíquico de alguém que se esforça para tornar-se aquilo que nunca poderá ser por uma tentativa inútil de se encaixar, de ser aceita, ou de minimamente não ser violentamente ferida.

 

 

 

 

 

 

 

Longe 遥か, de Filipa Tojal

Inauguração 07 de Maio às 17h | até 18 de Junho

Longe é uma exposição de Filipa Tojal com texto e curadoria de Ana Paisano.

O termo japonês (遥か: longe) denota uma distância que não é meramente física, mas também temporal; memórias de tempos e lugares há muito perdidos. Durante os quatro anos em que esteve no Japão, Filipa Tojal procurou o desconhecido e o indefinido, guiada pelo desejo de se distanciar do seu lugar de origem. A sua jornada pessoal começou com uma sincera apreciação do universo pictórico da pintura, antes de gradualmente se transformar em um percurso poético e meditativo, movida pela curiosidade e um profundo sentido de sensibilidade cultural. Usando principalmente técnicas tradicionais, ela explorou conceitos como o imperfeito, incompleto e o impermanente, que estão inextricavelmente ligados à cultura e natureza das ilhas japonesas. As obras nesta exposição compreendem uma variedade de pinturas sobre papel e tecido, bem como objetos que Filipa foi colecionando durante as suas viagens, como livros japoneses e pedaços de tatami, reverberando ainda os ecos da vida quotidiana da qual outrora fizeram parte. Esses objetos são apropriados, transformados, pintados e dispostos intuitivamente no chão, paredes e plintos. Atuam como interlocutores das pinturas e como intermediários, convidando o observador a divagar e a vaguear, talvez a refletir sobre os ciclos sazonais da natureza. Os pequenos detalhes e meandros dão continuidade a esse diálogo: as superfícies tecidas, os gestos das pinceladas e os agregados naturais que aparecem discretamente com os pigmentos. Os tons ecoam a terra húmida, as folhas novas e a bruma pálida, a luminosidade dos verdes e esmeraldas vibrantes, antes de se tornarem tons ocre da terra e do castanho dourado do tatami. Uma paisagem cromática que está em lenta transformação, à medida que os seus materiais naturais gradualmente envelhecem e envolvem, levando consigo os murmúrios e as sensibilidades das montanhas.

 

Apoios

 

 

Fábrica de histórias: Encontrar, Texere e Confabular 100 anos da Coelima

Inauguração 07 de Maio às 17h | até 18 de Junho

A exposição ‘Fábrica de histórias: Encontrar, Texere e Confabular 100 anos da Coelima’ surge a partir de uma investigação de doutoramento em arquitetura, prática e interdisciplinar, realizada na Bartlett School of Architecture – University College London pelo arquiteto, artista e investigador Fernando P. Ferreira, ao longo dos últimos três anos. Esta exposição propõe uma reflexão sobre as capacidades poéticas e éticas de práticas narrativas, têxteis e performativas site-specific enquanto metodologias que poderão informar e auxiliar o arquiteto a aproximar-se, mediar e reimaginar criticamente o futuro de fábricas têxteis na região do Vale do Ave, que, embora ativas, sofrem processos complexos de transformação socioespacial. A exposição apresenta uma dessas fábricas: o complexo industrial têxtil da Coelima, localizado em Pevidém, nos arredores de Guimarães e que celebra hoje, em 2022, 100 anos de existência.

 

Apoios

 

O MUNDO ÀS COSTAS

Lançamento do livro O MUNDO ÀS COSTAS, de Pedro Bandeira

28 de abril (quinta-feira) às 18h

Seguido de conversa/debate com Maria Luís Neiva (CAAA),  Carla Cruz (EAAD), Inês Moreira (LAB2PT) e Pedro Bandeira (EAAD).

 

 

O Mundo às Costas apresenta-se como o primeiro volume (2001-2021) de uma “história universal” do século XXI – obviamente um delírio apesar de factual. Esta história (construída a partir de recortes de jornal), é acompanhada de um breve ensaio e de uma narrativa fotográfica dos lugares que estruturam o quotidiano do autor. Não sendo um livro de caracter disciplinar, a arquitetura (e a arquitetura sem arquitetos) acaba por ser o tema transversal que expressa toda a complexidade que caracteriza a nossa sociedade.

 

Apoios: DGArtes; CAAA; Lab2PT; EAAD