E por momentos a forma das coisas desapareceu

Exposição de Joana Dionísio

Inauguração dia 25 de Setembro, 16h / até 23 de Outubro

Programação Encontros da Imagem

 

A forma como o homem se relaciona com a morte tem vindo a mudar ao longo dos tempos, se na idade média a finitude humana era vivenciada com familiaridade, no séc XX passou a ser uma espécie de “não acontecimento”.

Numa sociedade caracterizada pelo desejo de prolongar ao infinito a juventude, a representação da conclusão do ciclo de vida passa a ser vista como um fracasso e por isso deve ser evitada. Contudo, se não temos a capacidade para definir os limites da nossa própria vida, como é que nos podemos relacionar com ela e connosco?

Da contrariedade de sentimentos que surgiram após a morte do meu pai e que me obrigaram a pensar acerca das limitações da existência humana, resultou o presente projeto que procura refletir sobre a forma como lidamos com a perda de alguém que nos é próximo e com a consciência da nossa própria finitude.

Tendo em conta que estes conceitos materializam-se por meio de uma prática que imortaliza a vida através da sua representação, o que significa para a fotografia retratar a ausência do seu referente e qual o seu papel nas experiências do luto?

Através de uma narrativa entre forças opostas e complementares, entre o presente e o ausente, realidade e ficção, entre o cá e o lá, está o ir e vir de uma jornada que procura uma visão mais alargada da nossa razão de ser. Talvez entre o balancear de saber-se mortal e desejar-se imortal possamos encontrar uma oportunidade para viver em profundidade.

 

The way in which man relates to death has been changing over time. If in the Middle Ages human finitude was experienced with familiarity, in the 20th century it became a kind of “non-event”.

In a society marked by the desire to prolong youth to infinity, the representation of the end of a life cycle is seen as a failure and therefore should be avoided. However, if we do not have the ability to set the limits of our own life, how can we connect to it and to ourselves?

This project resulted from the opposition of feelings that arose after my father’s death and that forced me to think about the limitations of human existence. It seeks to reflect on how we deal with the loss of someone close to us, and with the perception of our own finitude.

Considering that these concepts are materialised using a practice that immortalises life by its representation, what does it mean for photography to portray the absence of its reference, and what is the role of photography in the experiences of mourning?

Through a narrative between opposing and complementary forces, between what is present and what is absent, reality and fiction, between here and there, is the coming and going of a journey that seeks a broader vision of our sense of being. Perhaps, somewhere between the fluctuation of becoming aware of our own mortality and the desire to be immortal we can find an opportunity to live deeply.

 

Biografia

PT

Artista visual natural do Porto, Joana Dionísio nasceu em 1993 e iniciou a sua formação no curso de Design de Produto em 2014 onde teve o primeiro contato formal com a fotografia. A partir desse momento o seu interesse pela imagem foi-se desenvolvendo e devido ao desejo de aprofundar os seus conhecimentos realizou a licenciatura em Tecnologias da Comunicação Audiovisual com especialidade em fotografia, na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo.
 Atualmente trabalha na área e encontra-se a frequentar o Master em Fotografia Artística e Documental no Instituto de Produção Cultural e Imagem. O seu trabalho é caracterizado por uma forte vertente autobiográfica que explora temas como a memória e o arquivo, refletindo sobre a forma como o ser humano se relaciona consigo e com o mundo.

 

Joana Dionisio born in Porto in 1993, is a visual artist that began her training in 2014 in the Product Design course. That’s where she first had formal contact with photography. From that moment onwards, she developed an interest in photography and decided to study Audiovisual Communication Technologies, specializing in photography at Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo.
 Currently she is working within the area and doing the course Master em Fotografia Artística e Documental at Instituto de Produção Cultural e Imagem. Her work is autobiographical, she explores themes such as memory and archive, reflecting on how human beings relate to themselves and to the world around them.

 

31ºs. ENCONTROS DA IMAGEM

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Génesis 2:1, foi o tema escolhido para a 31ª edição dos Encontros da Imagem – Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais, que se realizará entre 17 de setembro e 31 de outubro de 2021. Entre as diversas atividades, o Festival englobará 46 exposições distribuídas por 24 espaços distintos envolvendo a participação de 62 fotógrafos.

Nunca um tema escolhido, se enquadrou tão bem no contexto que atualmente Portugal e o mundo vivem, neste início da década de 20.

“Génesis 2:1” dá continuidade ao tema do ano passado. Um ano depois, voltamos também nós e todo o mundo – em resultado da crise pandémica provocada pelo Covid-19, de novo, ao confinamento generalizado.

Gerou-se a confusão e o caos. Uma incapacidade coletiva para compreender a desordem das coisas, confrontando a humanidade com desafios cada vez mais complexos e exigentes.

A sociedade contemporânea está desde há muito, perante enormes desafios de carácter global: desde as questões relacionadas com o planeta e os seus problemas ecológicos (perda da biodiversidade, alterações climáticas – aquecimento e contaminação) até às civilizações que o habitam, onde muitas delas geram novas desigualdades e indiferença moral (regimes políticos, religiosos, fronteiras, refugiados, racismo, questões de género e muitas outras.

Aquilo a que chamamos progresso, não só deixou de coincidir com a humanização do mundo, como pode acabar por ditar o seu fim. Urge encontrar soluções para acabar com as desigualdades e indiferença em relação ao sofrimento de milhões de pessoas.

Uma interrogação se pode colocar: que futuro nos espera? A crise em que vivemos constitui uma oportunidade para que todos encontremos causas comuns e discutamos as melhores soluções para o que deva ser feito.

A Direção

Encontros da Imagem

 

 

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