CINE-PERFORMATUS #1: RESISTIR AO TEMPO

Comissariado por Hilda de Paulo e Tales Frey

Programa

26 de setembro 2020“Cassandra Rios – A Safo de Perdizes” (2013), de Hanna Korich;  
22 Maio 2021: “Lygia, uma Escritora Brasileira” (2017), de Hélio Goldsztejn; (ADIADA)
12 Junho 2021: “Cora Coralina – Todas as Vidas” (2015), de Renato Barbieri;
03 Julho 2021: “Hilda Hilst pede Contato” (2018), de Gabriela Greeb.
Entrada Gratuita
CASSANDRA RIOS: A SAFO DE PERDIZES
Direção de Hanna Korich
Documentário, Brasil, 2013. 62 min
Cassandra Rios foi uma escritora polêmica que ficou conhecida pela ousadia de suas obras. Consideradas por alguns pornográficas, por outros irresistíveis. Na década de 1970 foi das autoras brasileiras que mais vendeu livros e também uma das mais perseguidas pela ditadura militar. Pode-se dizer que foi a primeira escritora brasileira a mostrar a mulher como um ser sexual e mais a primeira a ter coragem de retratar as homossexuais. Neste filme, amigos, estudiosos, familiares, leitores, colegas falam de Cassandra Rios e prestam tributo a sua coragem e pioneirismo.
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LYGIA, UMA ESCRITORA BRASILEIRA
Direcção de Hélio Goldsztejn
Documentário, Brasil, 2017. 74 min
Documentário sobre a vida de Lygia Fagundes Telles. A trajetória pessoal e profissional dessa escritora brasileira desde a década de 1940 até os dias de hoje. A história da autora e de suas obras através do olhar de outros profissionais da área, amigos e familiares.
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CORA CORALINA – TODAS AS VIDAS
Direcção de Renato Barbieri
Brasil, 2015, Doc., 74’
Todas as vidas de Cora Coralina em uma narrativa poética nas vozes, sentimentos e interpretações de seis gerações de grandes atrizes brasileiras. Uma polifonia das vozes que habitaram Cora, revelada em prosa, verso e imagens com o seu imenso talento literário e conteúdo humano.
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HILDA HILST PEDE CONTACTO
Direcção de Gabriela Greeb.
Brasil, 2018, Doc., 67′
Com arquivos pessoais inéditos de som e imagem, depoimentos, encontros e intervenções ficcionais, Hilda Hilst Pede Contato revela a memória e a presença da escritora, poeta e dramaturga. A voz de Hilda Hilst em gravações realizadas entre 1974 e 1979, em busca de contato com o além, é o fio condutor do filme, que se oferece ao público como o canal de comunicação tão almejado pela escritora, considerada pela crítica especializada uma das mais importantes vozes da língua portuguesa do século XX.
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Fundada em 2012, a eRevista Performatus é um veículo que busca promover a reunião de estudos sobre performance e performatividade e, assim, há um interesse transdisciplinar apresentado tanto nas investigações textuais como nas atividades promovidas pela revista (exposições, publicações impressas, mostras de arte ao vivo, mostras de filmes e vídeo, entre outros eventos), tendo sempre como base a subjetividade e a identidade da(o) artista apresentadas em suas criações, não havendo personagem como intermédio entre sujeito e mundo.
Com um conjunto de quatro realizações cinematográficas e com a curadoria de Mãe Paulo e Tales Frey, procuramos destacar quatro relevantes escritoras do Brasil, relacionando escritas, biografias e narrativas fílmicas que sublinham o papel de mulheres prestigiosas e não acomodadas num mundo predominantemente masculino e caracterizado por um sistema social aprisionado ao patriarcado. São elas: Cassandra Rios, Cora Coralina, Hilda Hilst e Lygia Fagundes Teles.
O Brasil está atravessando um momento de embrutecimento na política e tal retrocesso está diretamente relacionado a um período mais tenebroso da sua história, o regime militar (1964-1985), época tão violenta quanto o Salazarismo em Portugal. Testemunhamos, no Brasil e em muitos lugares do mundo hoje, a ascensão do nazi-fascismo e, com isso, investimentos em setores culturais ameaçados, assistimos a uma espécie de “caça às bruxas”, onde livros passam a ser vistos como ameaças e armamento do povo como prioridade para uma suposta segurança pública, onde o discurso emancipador (da comunidade LGBTQIA+, dos povos indígenas e não-brancos, das mulheres entre outros) é percebido como um perigo para os que não querem abrir mão de seus privilégios.
Esse retrocesso obscurantista é prova de que o passado deve servir ao presente como um aprendizado para não nos deixar sucumbir aos mesmos absurdos e tragédias que já ocorreram, portanto realçar a vida e o fulgor de cada uma destas quatro grandes escritoras é também reafirmar os seus períodos históricos sob pontos de vista femininos, de mulheres não domadas em seus tempos. 

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