Priscilla Davanzo: Lugares da Escrita

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Inauguração dia 6 de Setembro, 16h

Sob curadoria de Paulo Aureliano da Mata e Tales Frey, grande parte do repertório da artista luso-brasileira Priscilla Davanzo será exibido no CAAA  Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitectura.

Ora como a própria folha/tela branca ora como um molde que gera um objeto autônomo, os lugares da escrita da artista paulistana Priscilla Davanzo cruzam body art, performance, videoarte, videoperformance, gravura, instalação, intervenção urbana e algumas outras expressões artísticas.

A tinta da caneta pode ser literalmente deslizada por cima da ausência de conteúdo numa folha de papel, sob a premissa de firmar certos conceitos que esboçam as novas formas de escrita que virão a partir deste primeiro ato de ponderar ideias. Ultrapassando a tradicional escrita, Davanzo sublinha, em diversos suportes, uma outra ordem de caligrafia, um outro alfabeto, uma linguagem distinta da que, em princípio, era substantivo concreto, verbo de ação ou qualquer outra denominação morfológica em nanquins ou grafites.

Sua escrita é visceral e firma-se, em alguns casos, por meio de fluidos corporais e, em outros, por meio de suturas atravessadas diretamente na pele ou por meio de adornos como branding e scarification. A semântica do seu texto – que extrapola o logos em uma narrativa figural –, quando escrito sobre ou a partir do seu corpo (ou do corpo do outro) é absorvida todo o tempo por qualquer observador; o corpo é o suporte, é o objeto-arte e é, portanto, o lugar onde a obra se expressa, onde está o lugar da escrita.

O evento inclui três performances ao vivo, sendo que uma das ações será concebida em âmbito de uma residência realizada pela artista durante o período da exposição. Ainda, haverá exibição de vídeos, fotografias e objetos/instalação e conversa com a artista e com os curadores.

6/9,  17h – performance “a efemeridade da existência e a permanência da moeda”

13/9,  17h – performance-processo. Conversa interactiva sobre o processo desenvolvido na residência.

20/9, 17h – performance “sob água”

Sobre a performance: a relação entre o corpo da artista, criada em uma cidade grande como são paulo (brasil), e um rio em guimarães pode ser muito maior que o que se imagina.

a artista partirá em direção ao rio de couros com um caderno de notas e recipientes. o rio de couros cruza o centro da cidade, agora quase todo coberto, mas nos deixa a glória de encontra-lo de quando em quando ali, aberto, exposto. soando seu movimento entre quedas e bloqueios. o som de água em queda. constante, rítmico, chiado. experiência que a artista não tem na sua vida. os rios na sua cidade, quando não estão completamente cobertos por ruas e avenidas, debaixo da terra, estão contaminados de tal forma que são apenas esgoto. mas não o rio de couros. ele sobrevive à mania humana de cobrir completamente os rios, mesmo que ele mesmo tenha sofrido já muitas dessas investidas.

e mais que o rio, as pessoas, os vimaranenses. e com eles, a cortesia, a gentileza, o carinho, o amor. essas coisas tão raras na cidade de onde vem a artista. e mais que o rio, as pessoas: propondo conversas com os locais, a artista garimpa histórias relacionadas ao rio. e mais que o rio, as pessoas: a partir das conversas, a artista pede um pouco de água.

com o que foi coletado, com o resultado do garimpo, a artista apresentará uma ação. criará um corpo híbrido de todas as pessoas, objetos e águas coletados. um corpo híbrido a partir de seu próprio corpo.

é previsto ainda uma exposição (ainda sem data definida). estarão ali as notas, o som do rio, as histórias, a água coletada e fotos / vídeo da ação apresentada.

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