A Menos de 50km de Casa, De Pedro Bastos

Inauguração 07 de Maio às 17h | até 18 de Junho

A Menos de 50km de Casa é um projecto cinematográfico em processo de desdobramento em curso. Nesta primeira fase de apresentação, serão expostos os primeiros 1973 metros de película 35mm filmados no mês de Dezembro de 2021, através do Vale do Ave, num raio de 50 quilómetros a partir da casa do autor.

Esta primeira exposição, marca o início deste projecto que irá desenvolver-se ao longo do tempo e não tem previsto o seu fim. É um processo de acumulação de imagens em movimento que se centra na região, à margem de uma narrativa linear.

Estes primeiros 71 minutos aproximadamente de filme a cores, foram transferidos para video digital, suporte em que serão exibidos nesta primeira fase, estando previsto futuramente uma projecção em cópia analógica de 35mm.

Optou-se então por uma instalação de video de 5 canais, entre projecção e monitores. Não havendo uma narrativa linear, não havia portanto, uma lógica de montagem cinematográfica linear. Logo, esta mostra desdobra-se e expande-se pelo espaço expositivo. Este espaço é o próprio atelier do artista que ocupa parte de uma antiga fábrica de têxteis da região e que, por sua vez, se transforma em galeria efémera.

O método de trabalho adoptado para a realização desta instalação, é semelhante a uma repérage de uma produção cinematográfica. Ou seja, as filmagens foram realizadas à medida que se achavam os locais, através de uma deambulação aparentemente aleatória pelo vale. Toda a obra é um diário de uma experiência vivida. As dificuldades encontradas durante todo o processo coabitam com a sua idealização e materialização; fazem parte e não foram excluídas.

Tendo em conta o equipamento escolhido — Câmara Konvas (1967, URSS) de 35mm com magazines de 60 metros —, só seriam possíveis planos com a duração máxima de 2 minutos. Estipulou-se então para cada magazine (60m = 2’), 2 planos de 1’ cada. Sendo que a quantidade de filme era de 1973 metros, daria portanto para 33 magazines, o que permitiria a totalidade máxima de 66 planos de 1 minuto cada. Contudo, o resultado final é sensivelmente diferente, pois à medida que se foi filmando, optou-se em certos casos, por planos de 2 minutos.

A heterogeneidade das imagens é resultante das características idiossincráticas da região do Vale do Ave, onde numa aparente desorganização, dialogam zonas rurais com zonas fabris, intercaladas com centros urbanos e espaços da natureza. A paisagem é uma acumulação diversificada de montes com igrejas e capelas para culto religioso, viadutos que cruzam eucaliptais e rios que vão desenhando e delimitando os lugares.

O que se fez é, em certa medida, uma emulação provocada pelo Vale do Ave — a sua planificação geográfica fragmentada levou a uma acção despistada ou desorientada pelo território, resultando num filme-mosaico.

A continuação deste projecto compreenderá a publicação do diário de rodagem e de textos escritos posteriormente, onde refletir-se-á sobre o processo de criação em simultâneo com as narrativas e ficções encontradas neste preâmbulo cinematográfico.

 

Esta exposição foi produzida e financiada pelo CAAA, com o apoio de:

 

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